Quando as regras da boa convivência num condomínio não são cumpridas, o mais importante é avaliar os factos ocorridos e calcular o tipo de prejuízo e impacto que têm ou podem vir a ter na sua vida quotidiana. Se chegar à conclusão de que são de menor importância, pondere se vale a pena avançar para a via judicial.

Independentemente do tipo de situação que está a causar o conflito (ruído, animais, sujidade, etc.), é desejável optar inicialmente por uma abordagem cordial, sensibilizadora e explicativa dos incómodos concretos provocados pelo vizinho infrator. Saiba o que deve fazer nestas situações.  

1. Mantenha a calma

Coabitar com os costumes de um sem número de pessoas que nos são estranhas não é uma tarefa fácil. Por isso, manter a paciência e a calma em situações de conflito é essencial, especialmente antes de abordar o vizinho infrator. Só através da razão conseguirá ter hipóteses de evitar um processo judicial.

2. Calcule o valor do dano que a infração do vizinho lhe está a causar

É mais fácil levar o vizinho a identificar-se com o seu problema se o conseguir quantificar. Não é necessário ser um valor monetário. Horas de sono perdidas também servem de exemplo, se for esse o caso. Muitas vezes a infração resulta da falta de atenção, noção ou até da ignorância da lei.

3. Avalie se o problema vale o tempo que irá gastar para o resolver

Além do tempo, pondere ainda o dinheiro que poderá gastar para resolver o problema. Às vezes a melhor opção é ignorar ou evitar o confronto.

4. Reúna meios de prova

Um dos passos fundamentais antes de advertir o seu vizinho é reunir provas do que está a alegar. Estas são essenciais quer numa negociação direta, para mostrar o incómodo que este lhe está a causar, quer num futuro processo judicial. As provas podem ser fotografias, por exemplo, em casos de infiltrações ou danos à propriedade; vídeos; áudios, por exemplo em casos de perturbação do descanso; testemunhas, de preferência sem serem familiares dos envolvidos; e documentos, como e-mails de advertência, cartas, etc.

5. Identifique o responsável pelo problema

No caso de uma infiltração, se a casa do vizinho estiver arrendada, não adianta negociar ou advertir o inquilino. Fale diretamente com o proprietário para chegar a uma resolução.

6. Arranje possíveis soluções

Tente negociar e encontrar várias soluções para o conflito, deixando também em aberto espaço para ouvir as sugestões do seu vizinho. Não apresente a solução como fechada.

7. Formalize o acordo

Caso o prejuízo seja elevado ou a situação seja recorrente, tente chegar a um acordo. Este acordo deve ficar por escrito e ser assinado por ambas as partes. Com o acordo formalizado tem alguma garantia de que será cumprido. 

Se o bom senso prevalecer, ficam todos a ganhar e evitam-se os contratempos que sempre resultam de uma intervenção judicial ou administrativa. Contudo, esgotadas todas as hipóteses, é recomendável recorrer a um julgado de paz, onde exista e desde que o valor da causa o permita, ou a um processo de arbitragem.